
Você provavelmente já ouviu (ou pensou) algo assim:
“Quando a empresa começar a bater a meta, aí vou ficar tranquilo.”
“Quando a empresa chegar em X tamanho, eu vou ser feliz.”
Nos negócios, a lógica costuma ser: “primeiro o sucesso, depois a felicidade”. Mas uma pesquisa realizada em Harvard pelo professor Shawn Achor, que deu origem ao livro “O Jeito Harvard de Ser Feliz”, mostra que devemos pensar exatamente o contrário: não é o sucesso que gera felicidade, é a felicidade que impulsiona o sucesso.
E isso muda completamente a forma como devemos olhar para performance, liderança e gestão de pessoas.
Mais do que um discurso motivacional, o estudo analisou profissionais de alta performance de diversos segmentos e encontrou um padrão claro: os melhores resultados vinham justamente das pessoas que se declaravam mais felizes e engajadas.
A pergunta é, como trazer isso para a realidade do seu negócio em 2026?
1. Mudar a ordem: felicidade antes do sucesso
No dia a dia, a maior parte das pessoas condiciona a felicidade a conquistas futuras: uma promoção, um bônus, novo contrato ou carro. O problema é que, quando esse objetivo é alcançado, a régua sobe de novo e a sensação de realização dura pouco.
O que o estudo de Harvard mostra é que, quando o estado emocional é mais positivo, o cérebro trabalha melhor:
• Tomamos decisões com mais clareza;
• Lidamos melhor com pressão e imprevistos;
• Temos mais criatividade para resolver problemas;
• Nos relacionamos melhor com clientes, pares e equipe.
Ou seja, cultivar felicidade e otimismo sustentáveis no time não é “mimo”, é estratégia de negócios.
2. Problemas como desafios, não ameaças
Ambiente B2B dificilmente é calmo. Precisamos lidar continuamente com mudanças tributárias, pressão por margem, metas agressivas, concorrente desleal, cliente que pede desconto de última hora. E isso não vai desaparecer.
A grande diferença observada no estudo foi como as pessoas lidam com esse estresse.
As mais bem-sucedidas não tinham menos problemas. Elas apenas interpretavam essas situações como desafios a serem superados, não como ameaças que vão destruí-las.
Na prática, o que você pode fazer como líder?
• Em reuniões, trocar o discurso de “vai dar tudo errado” por “como podemos enfrentar isso?”
• Incentivar perguntas do tipo: “O que isso nos obriga a melhorar?” ou “Que oportunidade aparece aqui?”
• Reconhecer publicamente quem enfrenta o problema com atitude construtiva.
Esse ajuste de mentalidade reduz sintomas de estresse, aumenta engajamento e faz a equipe olhar para o futuro com mais energia.
3. Rede de relacionamentos: dobrar amigos para dobrar resultados
Talvez o maior insight do estudo de Shawn Achor seja que conexão social é o maior preditor de felicidade. Em outras palavras, pessoas bem relacionadas tendem a ser mais felizes e, consequentemente, mais bem-sucedidas.
No contexto corporativo, isso significa que isolar-se quando a pressão aumenta é exatamente o oposto do que funciona. Em momentos críticos, as pessoas que aumentam o investimento nas relações (que conversam, pedem ajuda e têm momentos leves com o time), lidam melhor com o estresse e performam melhor.
Como estimular isso na sua empresa:
• Criar rituais simples de conexão (coffee breaks, encontros rápidos semanais com o time, momentos de celebração);
• Incentivar a mentoria interna: pessoas mais experientes ajudando quem está chegando;
• Valorizar gestores que cuidam das relações, não apenas de indicadores.
Isso não é firula, é o desenho de um ambiente que sustenta resultados de longo prazo.
4. Gratidão e pequenos hábitos que mudam o clima
Outro ponto forte do estudo é que a felicidade não está só nas grandes vitórias, mas nas micro conquistas do dia a dia. E isso é totalmente aplicável ao universo B2B:
• Um feedback positivo de cliente;
• Um processo que foi simplificado;
• Um colaborador que deu uma ideia que funcionou.
Trazer gratidão intencional para a rotina pode ser mais simples do que parece:
• Reservar 3 minutos por dia para anotar três coisas pelas quais você é grato;
• Enviar uma mensagem sincera de agradecimento por dia para alguém da equipe, cliente ou parceiro;
• Começar reuniões destacando uma conquista da semana, por menor que seja.
Esses hábitos, repetidos, vão reprogramando a forma como o time enxerga a própria jornada: menos foco só na pressão, mais foco no que está sendo construído.
5. A regra dos 20 segundos: facilite o comportamento que você quer ver
Sabe quando você sabe exatamente o que deveria fazer (exercício físico, dar feedback, desligar o celular ou curtir mais a família), mas parece distante demais começar? Shawn Achor chama isso de energia de ativação.
A ideia é simples: quanto mais difícil iniciar uma ação, menos ela acontece. E quanto mais fácil, mais chance de se transformar em um hábito.
No trabalho, isso pode ser aplicado assim:
• Quer que a equipe dê mais feedback? Incentive através de um roteiro simples, de 3 perguntas e um horário fixo para isso;
• Quer incentivar pausas saudáveis? Trave sua agenda para esse momento (com local e horário);
• Quer estimular treinamentos na equipe? Disponibilize conteúdos curtos, de fácil acesso, com tempo encaixável na rotina de todos.
O segredo é remover barreiras nos primeiros 20 segundos de qualquer hábito novo. Assim, o novo comportamento deixa de depender só de força de vontade.
E o que tudo isso tem a ver com marketing, vendas e resultados?
Quando você olha para felicidade apenas como algo pessoal, ela vira assunto paralelo, quase um tabu no ambiente corporativo. Mas quando entendemos que pessoas mais felizes são mais criativas, mais resilientes e mais produtivas, felicidade se torna a preocupação central do negócio.
Equipes que encaram problemas como desafios, se apoiam nos relacionamentos, praticam gratidão e têm hábitos que tendem a:
• Se engajar mais em novos projetos;
• Atender melhor os clientes;
• Propor soluções em vez de apontar os culpados;
• Buscar a melhor performance mesmo em cenários desafiadores.
Se você quer uma empresa mais competitiva, inovadora e bem-sucedida, o estudo deixa um recado claro: comece cuidando da felicidade de quem faz o resultado acontecer.
ler mais

Como ser feliz e bem-sucedido, segundo Harvard (e por que isso é importante para o seu negócio)

PDCA no marketing: como evitar que seu planejamento de marketing vire só mais uma promessa de fim de ano

Estratégia, Tática e Operação no Marketing B2B: o que cada nível faz e como alinhar

Planejamento de Marketing 2026: o futuro não espera, ele se planeja


